A partir da quantidade de terraços do caminho que sobe a colina, a altura de um velho cipreste que recorda os descritos de Pater, até a precisa cota que assenta o pódio a um número inteiro sobre o nível do mar, serviriam como coincidências decisivas para explicar o formato de sua silhueta. Mas os motivos que modela uma casa são sempre outros, sempre os mesmos.
Dentro de dois formatos unificados, o de uma planta extensa e outra concentrada, é disposta doze vezes a mesma unidade: uma figura quadrada dividida assimetricamente em quatro peças. Às vezes central, às vezes lateral e em outras diagonal, cada unidade mantém uma relação diferente entre as peças. Eventualmente, as peças que estão abaixo lidam com o trabalho pesado da oficina.
As peças de cima com suas rotinas quase imateriais do ofício diário, sempre idealizam construções a partir do ar para mais tarde as fabricarem em outro lugar. Entre estes dois mundos factuais resta reservada a vida doméstica, por sua vez regrada por um grande salão diurno e um par de peças empilhadas para a noite. O nível do salão se estende até o oeste. Ao manter os lintéis num único horizonte, a sequencia progressiva de enquadramentos torna relativa sua profundidade. Entrar ao salão equivale a submergir baixo à plataforma de número inteiro.
Contra um espelho que mostra no interior o que restou do outro lado da rua, se chega ao estúdio. Entrar à torre é uma forma de cegueira. Aqui o cipreste convertido em pranchas fica travado numa espiral contínua que, com uma melancolia cinzenta, devolve pouco a pouco a vista com o subir nos níveis do prédio.
A construção é um sedimento regular e monolítico de concreto exposto. Somente uma leve mudança no filtro diferencia o grão entre o pódio e a torre. Por dentro, todas as paredes estão cobertas por panos pintados, quase sem espessuras e apenas descobertos pelas estruturas de aço galvanizado que sustentam as janelas.
Confira o o set completo de fotografias desta obra no site do fotógrafo Cristobal Palma e siga seu trabalho no twitter @EstudioPalma ou no facebook Cristobal Palma Photography. Veja mais obras fotografadas por Cristóbal em ArchDaily Brasil.
- Ano de construção: 2009-2011
- Cliente: Pezo von Ellrichshausen Ltda